João Patrício era sobrinho do Sr. Antóno Ferreira. É dele esta pequenina história, que pode ser a avalanche para que outros aqui transmitam as alcunhas e a história à sua volta:
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António Ferreira ( meu tio ), nasceu na Moita Redonda no início da década de 20 do século passado.
As aparições de Fátima começavam a "movimentar" as populações da região.
Em cada 13 de Maio as gentes da freguesia costumavam reunirem-se na Serra de Pousaflores na perspectiva de observarem "qualquer" coisa a aparecer para os lados de Ourém.
A menino António, acompanhava a mãe, ainda mal sabia falar.
Enquanto se rezava o terço , o pequeno escapuliu-se.
Voltou pouco depois, aflito a correr...E enquanto todos se precipitaram para ele, pensando que ele tinha visto o "fenómeno", disse:
- Vi um ninho com "CATIOVOS".
Contou-me que apanhou uma" estalada" na cara...
Quando foi para a escola Primária , fez a 3ª classe (coisa rara na época) os colegas sempre o trataram pelo "CATIOVOS"...ficou a alcunha e o gosto pelos passáros ...Ensinava-os a falar e eles retribuiam-lhe o afecto.
Casou em Lisboinha com uma irmã do meu pai. Tive o privilégio de o acompanhar aos ninhos.Chegava a levar alimento aos melros ainda no ninho.
Exímio em arranjar "armadilhas" para apanhar tordos. Teria eu 6 anos...Um dia encontrámos um tordo a agonizar na "buíz".Eu na tentativa de o agarrar vivo ,deixei-o escapar...em vez de me ralhar...passou-me a mão pela cabeça e sorriu.
Quando o visitava já doente a "senha" era esta:
- Tio, vamos aos ninhos?
Diziam que era a única "coisa" que o fazia sorrir...
Foi no Domingo a enterrar...e foi também um pouco da minha infância.
Antes de descer à terra ainda senti a sua mão na minha cabeça, como naquele dia em que deixei escapar o tordo da "armadilha"... e pareceu-me ouvi-lo dizer ainda:
-Sei de um ninho com "catiovos"....
PS - Perdi a minha "password" no forum...por isso respondi aqui.Um abraço ao FRAMAR sobrinho do "catiovos"